A difícil danças das cadeiras
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Um ano perdido

2015 foi um dos anos mais intensos no campo político, porém muito pobre no sentido de produzir meios para melhor gerenciar a vida das pessoas. Todas as expectativas que haviam na transição de 2014 para 2015 foram adiadas, com muita restrição, para 2016 ou mesmo para 2017. Aliás, a palavra que mais define o cenário para o ano que chega é desconfiança.

A sensação é de que passamos os últimos 365 dias em um samba de uma nota só: crise. Ela que estava escondida nos indicadores macroeconômicos no segundo semestre de 2014, chegou com tudo na geladeira e bolsos de brasileiros, de todas as camadas sociais, quando 2015 se iniciou.

De Norte a Sul do país passamos a ver governadores e uma presidente recém-eleitos tendo que mudar seus discursos de campanha e esconder suas promessas mirabolantes, para, em coro, entoar a falência generalizada da máquina pública.

E assim vai começar 2016. O discurso da falta de dinheiro ainda é o mesmo. Bem como as soluções pouco criativas destes gestores que também possuem a mesma fórmula para enfrentar os problemas de caixa: pagar a conta da gastança generalizada do passado, com o esforço e suor do cidadão, por meio do aumento de impostos.

Muitos governadores com bases bem restritas de apoio nas assembleias legislativas tiveram e ainda têm problemas para fazer isso em suas unidades da federação. Exemplo do governador do DF, Rodrigo Rollemberg, que possui pouca interlocução e menor ainda base de apoio entre deputados, para implementar medidas dessa natureza. Os parlamentares não querem assumir este ônus junto aos eleitores.

No plano federal a situação é muito similar também, principalmente quando o assunto é a aprovação do retorno da CPMF em um cenário agravado por uma crise político-institucional. Aliás, não seria demais dizer que 2015 começou com uma crise econômica gerando uma crise política e que agora é justamente a crise política que está nutrindo a crise econômica.

Uma das principais razões para isso são o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff que vai entrar com tudo na avenida em 2016, bem como a difícil reconstrução de uma base de apoio no Congresso Nacional, que passa por um PMDB dividido. Uma situação muito complexa, alimentada com rotineiras notícias de corrupção oriundas da Operação Lava-Jato.

Enfim, o que muito vimos em 2015 foram as páginas de políticas serem primeiramente ocupadas pela editoria de Economia e posteriormente pelo noticiário policial. Isto de fato, não é nada bom. Afinal a política precisa ter o seu caminho para gerar meios de transformar positivamente a vida dos cidadãos.

Talvez a grande novidade de 2016 é que além de todos os assuntos velhos que desembarcam de 2015 para o Ano Novo, é que será tempo de eleições para prefeitos e vereadores. Justamente aqueles que tem a responsabilidade de cuidar mais de perto das pessoas. Pois é na cidade que o cidadão está mais próximo do poder e da política.

Com isso, talvez não seja o mês de janeiro o que fique mais reconhecido para começar este processo de mudanças. Se caso escolhermos melhor, pudermos trazer melhores gestores públicos, então outubro pode assumir este papel em permitir que os eleitores possam fazer suas escolhas naqueles que não vão fazer muitas promessas para pedir o seu voto; e depois de eleitos, pedir o seu dinheiro para pagar a conta.

Alexandre Bandeira,

Consultor Político