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2o. Turno: Até que soe o gongo

Segundo turno presidencial no Brasil

As campanhas presidenciais estão confirmando alguns preceitos e alterando outros para quem labuta no campo da política. A primeira lição é de que não se pode descansar por um segundo sequer. A disputa Lula Vs Bolsonaro vai ser travada nos 12 rounds e nenhum deles poderá se declarar vencedor antes da hora. Entramos na última semana antes do pleito, sem previsão de que haja um nocaute que leve o opositor as lonas antes das 17 horas de domingo, horário de Brasília.

No primeiro turno vimos ambos os lados cantarem vitória. Mas os juízes da disputa – os eleitores brasileiros – decidiram que deveria acontecer um novo round para confirmar a escolha do novo presidente. Em verdade, a ressaca foi maior por parte da campanha de Lula do que a de Bolsonaro, pela maior proximidade do limite mágico dos 50% + 1 dos votos válidos, acompanhado do que apontava projeções de alguns institutos de pesquisa, dentro das devidas margens de erro.

Mas em uma disputa onde o detalhe pode ser o resultado entre vencer e perder, o dia seguinte dos dois candidatos foi de muito trabalho e articulações para continuidade dessa batalha épica. No campo do marketing eleitoral essa lição é de ouro. Político que relaxa ou dorme no ponto, perde por pontos, ou por pouco votos. De Norte a Sul do Brasil diversos são os exemplos de candidatos que se viram eleitos e se descobriram sem o desejado mandato após urnas abertas. Fica a lição de que campanha eleitoral é ato de intensidade até o último minuto.

Lula e Bolsonaro travam uma guerra de resistência e a disputa será por pontos e provavelmente, por uma diferença muito pequena.

O cenário eleitoral de agora nos permite dizer que qualquer um pode se sagrar vencedor no dia 30/10. E para isso, o embate se dará essencialmente por golpes abaixo da linha da cintura. E aí entra a segunda parte desse artigo, no que concerne a nova regra do manual da disputa eleitoral.

No cômpito normal das campanhas políticas o fundamento convencional passa por dizer quem é o candidato, que problemas pretende resolver e no que ele é melhor do que a concorrência. Hoje, a base de comparação se resume em focar naquilo que o oponente representa de pior. As propostas e projetos nem sequer entram mais no ringue e a construção da imagem é alicerçada em uma comparação a partir do que o outro possa representar de negativo para a população, caso eleito. É um voto sustentado no medo e na responsabilização do eleitor por estar escolhendo errado. Trocamos o tradicional “Vote em mim”, pelo tão somente “Não vote nele”.

Por isso, alcançamos dois dados surpreendentemente equivalentes: primeiro, o Instituto Datafolha indica em seu levantamento de 17 a 19 de outubro, que 94% da população já decidiu como votar no segundo turno. O segundo tem a ver com o índice de rejeição: 48% rejeitam somente Bolsonaro, 43% rejeitam somente Lula e 3% rejeitam tanto o petista como o atual presidente. Ou seja, os mesmos 94%. Isso nos diz que o povo brasileiro vai às urnas para escolher baseado no quesito rejeição. Na falta de propostas e no excesso de ataques de lado a lado, não poderíamos ter um outro perfil de voto.

A bem da verdade, os eleitores decidiram que não se importam com os golpes e nem como eles são desferidos neste pleito. Mais do que isso, aprovam, estimulam e se envolvem na disputa fora do ringue. Quase todos querem ser um pouco Bolsonaro ou Lula, para rivalizar com quem está em campo oposto. Um embate entre convertidos, onde as chances de catequizar para o seu lado, quem já crê no outro, são quase inexistentes.

Nessa briga para não perder os votos obtidos no primeiro turno, tentar convencer os poucos indecisos e trabalhar os que ainda podem mudar de opinião, o vale-tudo segue até domingo, com a obrigação fundamental de cada parte, levar seus eleitores até as urnas. Enfim, enquanto não soar o gongo, segue a luta!

Alexandre Bandeira é Master consultor do Grupo Brasília de Consultoria Política, Diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos no DF e professor-coordenados de pós-graduação em Análise e Marketing Político da Faculdade Republicana. É articulista e analista político para instituições, corporações e organismos de imprensa nacionais e internacionais.