Pimenta nos olhos dos outros
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29 de junho de 2015

O Fantasma dos 100 dias

Este final de semana foi marcado pela avaliação dos 100 dias dos governos, tanto na esfera federal, como na gestão dos estados e do DF. Os veículos de imprensa dedicaram boa parte de suas pautas para avaliar os aspectos positivos e negativos destes mandatários, com o apoio de analistas, jornalistas e profissionais que atuam no campo da política. Eu mesmo fui demandado para participar de algumas destas entrevistas.

Para os poucos que tinham algo a apresentar de positivo, a possibilidade de ocupar esse precioso espaço com suas realizações iniciais da gestão. Para a grande maioria criticada pela mídia, a preocupação e o esforço de colocar para fora do alcance do mandato, os motivos pelos baixos ou negativos resultados obtidos até o presente momento. Em boa parte das justificativas apresentadas, a de que ainda não houve tempo para os governantes implementarem suas marcas, que aproximem as promessas de campanha, da realidade do mandato.

Citando um exemplo prático, vimos na alçada do Governo Federal, a situação econômica restritiva no país, aliada aos casos de corrupção na Petrobrás, colocadas no centro das avaliações do governo da presidente Dilma Rousseff, que a levou para indicadores de aprovação popular, no patamar de 12% a 13% segundo os alguns dos principais institutos de pesquisa. Para a oposição uma responsabilidade direta do Palácio do Planalto. Para a situação, reflexos de uma conjuntura mundial ainda de crise e de esforços do governo em combater a corrupção na maior empresa nacional.

Neste embate, meu objetivo não é encontrar quem está certo ou errado. Porém, fica a sinalização de que os 100 dias de mandato, são sim, um destes principais momentos para avaliar o desempenho de governadores e do presidente da República. Primeiro porque o número é mentalmente atraente e de fácil assimilação por todos. Segundo, porque representa 1/12 avos do tempo total do mandato. Sob esta ótica, é até bastante tempo.

Não dá para aceitar que estes chefes dos executivos tentem emplacar a desculpa de que não houve tempo suficiente para “conhecer a realidade das suas máquinas administrativas”. Até porque, todos foram eleitos há pelo menos seis meses e passaram por governos de transição, nos casos em que não houve reeleição.

Mas de toda sorte, lembro a todos que ainda dá tempo. A população sim, está mais vigilante, mas a marca dos 100 dias traz também a tônica da tolerância, que deve diminuir quando cada um ultrapassar os seis meses, um ano ou metade do mandato. Após, este período, se a aprovação estiver crítica, dificilmente vai ser possível construir a imagem de um mandato de realizações e de um político de sucesso. Enfim, nada de deixar as boas novas para o último ano.

Alexandre Bandeira,

Consultor Político