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Sai o herói, entra o político

Sai o herói, entra o político

O Brasil escolheu o seu novo presidente. Foi uma disputa de extremos, onde as proposições e assuntos programáticos ficaram em segundo plano, em favor de uma corrida presidencial de super valorização da personificação dos candidatos. Os dois projetos que por mais tempo investiram nessa estratégia conquistaram espaço no segundo turno. No caso, o Bolsonaro (PSL) e o ex-presidente Lula, substituído por implicações legais, por Haddad (PT).

Neste embate de Brasis, entre os que dependem do Estado e os que criticam o Estado, a maioria da população que participou do processo eleitoral optou por levar ao Palácio do Planalto o ex-capitão e deputado federal, Jair Bolsonaro. Chamado por sua militância de Mito, representa no seio de seus eleitores, o arquétipo da luta entre o Bem contra o Mal, de heróis e vilões, e da ameaça que uma ideia de país pudesse vingar com a vitória do Partido dos Trabalhadores. Neste modelo, Bolsonaro soube bem entender e personificar a imagem do Herói Anti-PT.

Agora com a eleição definida, o herói precisa dar espaço ao homem. Diante do cenário político e conjuntural do Brasil pós-segundo turno, os superpoderes precisam sair de cena para que o articulador assuma as rédeas do país. O primeiro sinal está registrado nas urnas que elegeram Bolsonaro presidente da República. O indicador de 55,13% dos votos válidos pode passar uma imagem que a maioria da população brasileira o elegeu para conduzir os destinos da nação. Na realidade este percentual representa somente 39,24% diante do número total de eleitores que o Brasil possui. Os demais 60,76% votaram no Haddad, em branco, nulo ou decidiram se abster de comparecer a sua seção eleitoral e escolher entre um dos projetos postos.

Considerando que participaram do segundo turno, os candidatos com maior índice de rejeição junto à população brasileira, e que no confronto direto, a diferença entre Bolsonaro e o candidato do PT foi de pouco mais de 11 milhões de votos, registra-se que a população brasileira deverá estar muito atenta e vigilante dos passos que dará o 38º Presidente da República.

Isso se soma ao cenário consolidado ainda no primeiro turno com a formação da nova classe política eleita pelo povo, que vai ser empossada em fevereiro de 2019, no Congresso Nacional. Pela distribuição dos parlamentares e dos partidos políticos que compõem as duas casas, consolida-se um cenário em que o futuro executivo federal vai precisar de muita articulação para ver suas propostas de campanha aprovadas no parlamento. Principalmente aquelas que envolvam emendas à Constituição e o consequente fórum qualificado de 2/3, nas duas casas.

Um exemplo desse cenário está nos números da Câmara dos Deputados. O partido do presidente foi o que mais cresceu, saltando de 2014 de um deputado federal, para 52 nesta eleição. O Partido dos Trabalhadores, mesmo perdendo deputados com relação a 2014, ainda é a maior bancada partidária. Assim, quando consideram-se os partidos que devem se aglutinar para dar governabilidade ao presidente e aqueles que devem construir um movimento de confrontação, bem como os independentes que votarão matéria a matéria, demonstra que o futuro presidente terá diante de si uma oposição aguerrida e estruturada, exigindo que os poderes sejam muito mais exercidos junto ao Legislativo, do que unilateralmente do seu gabinete no terceiro andar do Palácio do Planalto, objetivando que o governo consiga implementar as mudanças prometidas à população, no tempo que ela deseja e ainda cumprindo os ritos regimentais, que o processo legislativo impõe.

Alexandre BandeiraMaster consultor da Strattegia Consultoria Política, Diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos no DF e coordenador de Pós-Graduação de Comunicação e Marketing Político pela Unicorp Brasília.