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Os Indecisos Decidem

Todos os noticiários estão cometendo um grande erro, estimulado pelos institutos de pesquisa, ao divulgarem as intenções de voto que consideram somente o chamado Voto Válido. Justificam que para essa conta são descartados os votos brancos, nulos e indecisos. Como assim?!

Ao fazer isso, tanto os institutos de pesquisa quanto a imprensa pecam maciçamente ao declarar que o voto do INDECISO é exatamente igual ao voto de quem optou por votar branco ou nulo. Isso é um erro crasso, pois o voto de quem ainda não tem candidato declarado ou firmado não pode ser desprezado da mesma forma como aqueles que já decidiram não votar em ninguém.

A justificativa dada é de que a Justiça Eleitoral assim contabiliza os votos. Não é verdade. O Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais só contam os votos que estão nas urnas, já que é impossível votar na opção INDECISO. Este grupo de pessoas que deixam para definir mais tarde o seu voto, na verdade vão exercer o seu direito de escolha como qualquer um que já se definiu antecipadamente, mesmo que possa estar nesta opção votar branco ou nulo. Mas é matematicamente e estatisticamente equivocado afirmar que os votos dos Indecisos devam ser extraídos do cálculo dos Votos Válidos.

Ao desprezar essa questão, os institutos de pesquisa flertam deliberadamente com o erro. E muito disso pode ser constatado no primeiro turno. E por uma questão muito simples: o brasileiro está deixando para fazer a sua escolha cada vez mais tarde. Enfim, as empresas de pesquisa não estão conseguindo identificar o tamanho do voto indeciso, bem como do voto fluído, que pode facilmente mudar de mãos. E ainda assim, desprezam estes indicadores.

A primeira pesquisa Datafolha para o segundo turno, tentou identificar esse fenômeno. E o resultado é surpreendente. Para presidente, 12% da população brasileira decidiu o voto no dia da eleição. 6% na véspera; 8% uma semana antes e 10%, quinze dias antes do pleito. Ou seja, em duas semanas antes do 1º. Turno, 34% ou mais de 1/3 de todos os eleitores brasileiros estavam indecisos ou mudando de candidato, sendo que 2 em cada 10 só fizeram isso nas últimas 24 horas antes de se fechar as urnas no dia 7 de outubro. Para os cargos de governador, senador e deputados federais, estaduais e distritais o voto decidido no dia da eleição oscilou entre 17% e 20%.

Estes números sequer se correlacionam com o volume de indecisos que os próprios institutos de pesquisa apresentaram às vésperas do pleito. No dia 6/10, o Datafolha e o Ibope traziam como indecisos respectivamente 4% e 5%. Estamos tratando de uma distorção entre 4 a 6 vezes maior do que o verdadeiro número de pessoas que escolheram seus candidatos nas últimas horas.

Continuar a desprezar este exército de eleitores e depois ter que constatar e justificar a enorme diferença entre o que tentam indicar as pesquisas e o que se revela na verdade das urnas é o desafio para que tão importante expediente não continue a gerar tanta desconfiança por parte do eleitorado.

Ou os institutos aprimoram seus métodos de apurar e coletar o sentimento dos eleitores ou continuam a desprezar quem se decide mais perto da hora do voto, tendo que ver suas credibilidades ruírem pleito após pleito.

Alexandre BandeiraMaster consultor da Strattegia Consultoria Política, Diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos no DF e coordenador de Pós-Graduação de Comunicação e Marketing Político pela Unicorp Brasília.